Você já se sentiu preso em uma situação tão difícil que parecia estar em um “caixão” emocional? Às vezes, a vida nos coloca em momentos tão desafiadores que parece que estamos enterrados vivos, presos em uma situação de dor, medo ou incerteza. E, de certa forma, o velório é o ritual simbólico dessa fase da vida. Mas há uma verdade poderosa nessa metáfora: se você se levanta do caixão, o velório acaba. O que isso significa na prática? Vamos explorar juntos essa ideia.
O Caixão como Símbolo de Estagnação
Na psicologia, muitas vezes falamos sobre períodos de estagnação. Esses são momentos em que nos sentimos presos, incapazes de avançar. Pode ser uma depressão, um trauma não resolvido, uma perda significativa, ou simplesmente o acúmulo de pequenas frustrações que parecem nos sufocar. O “caixão” aqui representa esse estado de paralisia. Quando estamos lá dentro, o mundo parece distante, como se tudo ao nosso redor estivesse acontecendo em outra realidade.
Mas, assim como o caixão físico é uma metáfora para a morte, o caixão emocional é uma metáfora para uma parte de nós que morreu, ou que precisa morrer. E, assim como em um velório, há uma parte nossa que precisa ser abandonada, para que possamos seguir em frente.
O Velório: O Luto pelas Nossas Perdas
O velório, por sua vez, representa o luto. Não apenas o luto pela morte de alguém querido, mas o luto por tudo aquilo que perdemos ao longo da vida. Pode ser o fim de um relacionamento, a perda de um emprego, a saída de uma fase importante da vida. Esse luto é necessário, pois é a forma de processarmos nossas emoções e darmos sentido ao que aconteceu. É como se fosse uma pausa para respirar, refletir e, de certa forma, dizer adeus ao que ficou para trás.
No entanto, o velório não deve durar para sempre. Há um momento em que precisamos sair dessa fase, porque, se ficarmos presos ali, nos tornamos reféns do passado, incapazes de viver plenamente o presente e de construir o futuro.
Levantar-se do Caixão: O Ato de Superação
E então chegamos ao ponto crucial: levantar-se do caixão. Na psicologia, isso pode ser visto como o momento em que decidimos retomar o controle da nossa vida. É o ato de se recusar a ficar preso no luto, na dor, na paralisia. Levantar do caixão significa reconhecer que, apesar das dificuldades, ainda estamos vivos, e isso significa que ainda há uma jornada pela frente.
Esse processo de “levantar-se” não é fácil. Exige força, coragem e, muitas vezes, apoio. Pode significar buscar ajuda, seja de amigos, familiares ou profissionais, como terapeutas. Também significa ter compaixão por si mesmo, reconhecendo que a dor faz parte do processo de crescimento e transformação.
O Renascimento: Uma Nova Fase da Vida
Levantar do caixão é mais do que simplesmente superar um desafio. É um renascimento. Na psicologia, falamos muito sobre transformações pessoais, e como esses momentos de crise podem, na verdade, ser oportunidades para nos reinventarmos. Cada vez que nos levantamos após uma queda, não somos mais os mesmos. Carregamos conosco as cicatrizes do que passamos, mas também a sabedoria e a força que adquirimos ao superar o desafio.
Esse renascimento pode ser sutil, como uma mudança de perspectiva, ou profundo, como uma transformação completa de vida. O importante é reconhecer que, ao se levantar, você encerra o velório e dá início a uma nova fase.
E Agora, o Que Fazer com Isso?
Se você está passando por um momento difícil agora, talvez esteja se sentindo como se estivesse preso em um caixão. E isso é compreensível. A vida nem sempre é fácil, e todos nós enfrentamos nossos próprios “velórios” ao longo do caminho. Mas lembre-se: o velório só acaba quando você decide se levantar.
O que isso significa para você? Talvez seja hora de fazer uma pausa, refletir sobre o que precisa ser deixado para trás e, quando estiver pronto, levantar-se e seguir em frente. Você não precisa fazer isso sozinho. Existem pessoas ao seu redor que podem te apoiar, assim como existem ferramentas, como a terapia, que podem te ajudar a encontrar o caminho de volta à luz.
Lembre-se: a vida continua, e sempre há a possibilidade de um novo começo, desde que você esteja disposto a levantar do caixão e deixar o velório acabar.
Sobre o autor:
Dr. Jairo de Paula é Psicanalista, escritor e autor de 32 livros, incluindo os best-sellers “Uma Marca Chamada VOCÊ” e “INCLUSÃO – mais do que um desafio escolar, um desafio SOCIAL”. Com mais de 10.000 atendimentos clínicos, é também professor e conferencista internacional, doutor e mestre em Psicanálise, com especializações em diversas áreas. Pesquisador em Gestão do Capital Intelectual e criador de programas de integração “FAMÍLIA & ESCOLA”, Jairo é apaixonado por compartilhar conhecimento, fundamentalmente feliz.