Apego Evitativo: derrubando o muro invisível que afasta o afeto

O apego evitativo nasce, em geral, em contextos em que a criança percebe os cuidadores como frios, emocionalmente indisponíveis ou distantes. Nesses cenários, o pequeno aprende cedo que demonstrar afeto, chorar ou pedir colo não resulta em acolhimento, mas sim em frustração. Para se proteger da dor da rejeição, ergue um muro invisível, transformando a autossuficiência excessiva em estratégia de sobrevivência.

Na vida adulta, esse padrão relacional se revela de forma sutil, mas profunda. O indivíduo com apego evitativo costuma se apresentar como alguém que “não precisa de ninguém”. Evita laços íntimos, reprime emoções e se afasta quando sente que o vínculo exige vulnerabilidade. Muitas vezes, relaciona-se de forma funcional, mas sem permitir verdadeira proximidade. Importante ressaltar: essa postura não significa ausência de afeto, mas sim um mecanismo inconsciente de defesa emocional, construído para evitar o sofrimento.

O apego evitativo e as relações amorosas

Nas relações amorosas, esse padrão pode gerar dificuldades de convivência. O evitativo pode parecer frio, distante ou desinteressado, quando, na verdade, está apenas tentando preservar sua autonomia e evitar a sensação de dependência emocional. Em namoros, casamentos ou parcerias, isso pode gerar mal-entendidos, já que o parceiro muitas vezes interpreta o afastamento como desamor.

A psicanálise e a psicologia das relações mostram que, por trás desse afastamento, existe um desejo genuíno de conexão, mas atravessado pelo medo de perder a própria liberdade ou de sofrer novamente rejeição.

Terapia e cura: aproximar-se sem perder a liberdade

Do ponto de vista psicológico, trabalhar o apego evitativo é abrir espaço para a vulnerabilidade sem associá-la à fraqueza. Pelo contrário: permitir-se sentir e compartilhar emoções é um ato de coragem.

Terapias que estimulam empatia, comunicação assertiva e relações seguras podem ajudar a pessoa com apego evitativo a perceber que se aproximar não significa perder liberdade, mas ganhar vínculos mais autênticos.

Estratégias clínicas incluem:

  • Psicanálise e psicoterapia para acessar memórias infantis e ressignificá-las.
  • Exercícios de consciência emocional para identificar e expressar sentimentos.
  • Construção de relações seguras, onde a confiança seja fortalecida gradualmente.

Superando o muro invisível

Reconhecer o apego evitativo é o primeiro passo para transformá-lo. O muro que protegeu a criança de frustrações pode ser, na vida adulta, o mesmo que impede o amor pleno de florescer. Derrubá-lo não significa fragilidade, mas sim permitir que afetos genuínos circulem e que a intimidade se torne fonte de crescimento, e não de ameaça.

Quando a pessoa aprende que afetividade e liberdade podem coexistir, ela descobre que a verdadeira força está em se abrir para o amor, sem medo de perder a si mesma.

Esse é um dos pontos destacados pelo psicanalista Jairo de Paula, que em seus estudos e obras ressalta como compreender os diferentes estilos de apego pode transformar a forma como nos relacionamos.

“O evitativo não foge do amor por ausência de afeto, mas por excesso de medo; derrubar esse muro é aprender que vulnerabilidade também é força.” (Jairo de Paula)


Sobre o Autor – Dr. Jairo de PaulaJairo de Paula é doutor em Psicanálise, escritor e conferencista internacional, autor de 35 livros — entre eles os best-sellers “Uma Marca Chamada VOCÊ” e “INCLUSÃO – mais do que um desafio escolar, um desafio SOCIAL”. Com mais de 10.000 atendimentos clínicos realizados, alia escuta sensível à experiência acadêmica com doutorado em Psicanálise, além de pesquisador em Gestão do Capital Intelectual e criador de programas inovadores como “FAMÍLIA & ESCOLA”. Pensador inquieto e apaixonado por conhecimento, acredita que a verdadeira transformação nasce do poder da escuta e da escolha diária pela felicidade.