Tempos Verbais da Vida
Por: Jairo de Paula
A vida tem uma gramática própria.
Não é feita apenas de dias — é feita de tempos.
Tempos que nos atravessam, nos desmontam, nos reconstroem.
Tempos que pedem compreensão, pausa… e coragem.
Assim como os verbos, nós também nos conjugamos:
no que fomos, no que somos e no que ainda podemos ser.
E quando esses tempos se encontram dentro de nós, formam diálogos silenciosos que moldam quem estamos nos tornando.
O passado diz: “Eu fui o que você conseguiu ser.”
— “Você lembra de mim?”
É assim que o Passado chega.
Discreto às vezes, barulhento em outras.
Mas sempre verdadeiro.
Ele não vem para acusar — vem para lembrar.
Lembrar que fizemos o que sabíamos, que fomos o que conseguíamos, que sobrevivemos ao que parecia impossível.
O Passado olha para nós e diz:
— “Não se envergonhe de mim. Eu só pude ser aquilo que você suportou.”
É preciso maturidade para acolher esse recado.
O presente responde: “Eu sou o que você faz agora.”
O Presente não sabe esperar.
Ele pulsa, chama, exige presença — e presença é um dos atos mais humanos que existem.
Ele nos olha nos olhos e diz:
— “Eu sou seu único tempo palpável.”
E continua:
— “Eu sou o lugar onde você pode escolher. Onde você pode transformar. Onde você pode respirar.”
É no Presente que ajustamos rotas, que sentimos a vida na pele, que decidimos quem queremos ser — mesmo carregando o que fomos e projetando o que seremos.
O futuro sussurra: “Eu serei aquilo que você permitir.”
O Futuro nunca chega gritando.
Ele chega como possibilidade.
Diz:
— “Eu não estou pronto — dependo do que você planta agora.”
Não traz garantias, mas traz amplitude.
Não traz certezas, mas traz direção.
O Futuro é sábio quando afirma:
— “Não tenha medo de mim. Eu não venho para tirar — venho para ampliar.”
Ele é o tempo em que a vida se expande.
Quando os três se encontram
Passado, Presente e Futuro se sentam à mesma mesa.
E o diálogo acontece assim:
Passado:
— “Eu te preparei.”
Presente:
— “Eu te sustento.”
Futuro:
— “Eu te aguardo.”
E nós, no meio deles, percebemos que não é preciso escolher um tempo para viver:
é preciso honrar todos eles, cada qual com sua função na nossa história.
O nosso tempo verdadeiro
O nosso tempo é aquele em que conseguimos estar inteiros.
Nem presos ao que já passou, nem ansiosos pelo que ainda não é.
O nosso tempo é o da consciência.
O da escolha presente que conversa com o passado e constrói o futuro.
Porque, no final, a vida não é apenas um verbo.
A vida é uma conjugação contínua — e profundamente humana.
E você, em qual tempo deseja colocar o seu próximo verbo?
Sobre o Autor – Dr. Jairo de Paula
Jairo de Paula é doutor em Psicanálise, escritor e conferencista internacional, autor de 35 livros — entre eles os best-sellers “Uma Marca Chamada VOCÊ” e “INCLUSÃO – mais do que um desafio escolar, um desafio SOCIAL”. Com mais de 10.000 atendimentos clínicos realizados, alia escuta sensível à experiência acadêmica com doutorado em Psicanálise, além de pesquisador em Gestão do Capital Intelectual e criador de programas inovadores como “FAMÍLIA & ESCOLA”. Pensador inquieto e apaixonado por conhecimento, acredita que a verdadeira transformação nasce do poder da escuta e da escolha diária pela felicidade.